Travessia Pirineus 2006

Descrição da Travessia em Autonomia dos Pirineus em Agosto de 2006

Tuesday, October 31, 2006

Resumo / Conclusão

Lhança – Hondarribia
1005Km – 102hrs
Altitude [Acumulado – Max]: 25998 – 2270

Mapa da Travessia



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No final do mês de Agosto, o José Pedro e eu próprio, fizemos a travessia do Pirenéus em BTT em autonomia.

Depois de pesados os prós e contras, optamos por levar a casa às costas,incluindo entre outros, tenda, sacos-cama, colchonetes, kit-cozinha. Com os alforges a transbordar, a bicicletas ficam muito mais pesadas e ganham uma dinâmica muito "própria", as subidas tornam-se ainda mais "íngremes" e as descidas exigem maior controlo. Para além da vantagem óbvia, da travessia ficar muito mais em conta, há um aspecto puramente emocional que muito me condicionou na decisão, a possibilidade de conjugar duas palavras mágicas: BTT e autonomia. Claro que isto vale o que vale, quando ao fim do dia dormíamos nos parques de campismo com água quente!

Num paragrafo, foram 15 dias muito desafiantes de puro gozo e muito muito BTT. Através de estradões, ribeiros, single-tracks, pinhais, bosques de carvalhos, canyons, paisagens deslumbrantes e claro algum cimento e alcatrão, desde o mar Mediterrâneo (Llançá) até o oceano Atlântico (Hondarribia/Irun). Foram 15 etapas em que atravessamos diferentes regiões autónomas, Catalunha, Aragão e Navarra, com final no país Basco e com passagem em França. Pelo caminho, entre muito imagens, retenho as estâncias de esqui, as aldeias minúsculas com reduzida/nenhuma presença humana, as ribeiras cristalinas e claro, as muitas vaquinhas que pastavam nos lugares mais inóspitos dos Pirineus.

Quase por fim, os números “secos” que não dizem quase nada, 1005km de extensão, 26000mt de ascensão acumulada e 102 horas gastas no total das etapas.

Quando a memória começar a sofrer a erosão do tempo, quando os nomes daquelas terras ficarem puídos e as imagens mais esbatidas, hei-de relembrar o companheirismo e a paciência do meu amigo Zé Pedro, que tornaram possível a Travessia.

JS


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Há cinco anos atrás e desafiado por um amigo embarquei na aventura de ir fazer a Travessia do Pirinéus na Companhia do António Malvar. Era a minha primeira travessia e sem dúvida que foi um momento marcante na minha relação com o BTT, a sensação de satisfação e de realização ao olhar para um mapa e só nesse momento ter a noção do caminho já percorrido de bicicleta é única.

Foi de tal maneira fantástico que pouco depois de ter acabado a travessia já estava a pensar em repeti-la. Fui preparando o caminho com a compra do livro com a descrição do percurso e analisando as várias opções de quem tinha feito a travessia dos Pirinéus descritas na Net. Finamente no inicio de 2006, tomei a decisão de repetir a travessia e convidei alguns dos meus companheiros de BTT. Felizmente que o Jorge aceitou e embarcou no projecto com um entusiasmo que rapidamente ultrapassou o meu.

Comparando as duas travessias, já a dois meses de distância, a maior mudança é o avanço do alcatrão. Os trilhos principais ou foram asfaltados ou parecem estar em vias disso. Pelo contrário, há trilhos que estão num estado lastimoso que nem para travessias pedestres são indicados. Apesar de tudo o mais importante permanece: as subidas intermináveis com as montanhas como pano de fundo.

O facto de irmos em autonomia e levarmos as bicicletas carregadas com alforges, tornou as subidas mais íngremes e as descidas mais alucinantes. No entanto a maior diferença é mesmo andar com a bicicleta à mão no meio da calhauzada. Se em condições normais já é penoso, com os alforges torna-se numa prova de perícia.

Não posso terminar a minha reflexão sem agradecer ao Jorge a sua companhia e entusiasmo. Se não fosse ele não teria ido este ano e o seu entusiasmo contagiante ajudou-me a continuar nos momentos em que nos perguntamos “O que estou aqui a fazer?”.

ZP


Transportes

Decidimos partir do Porto e viajar de carro até Irun. Onde apanhámos um comboio nocturno até Barcelona e daí um comboio regional até Llança. O carro ficou os 15 dias em Irun à nossa espera e fizemos a viagem de regresso de carro. Foi uma boa opção e a melhor maneira de respeitar as restrições da Renfe ao transporte de bicicletas nos comboios de longo curso.

Mapas e Orientação

Como base do percurso e para definição das etapas usámos o livro “La Travesía de los Pirineos en BTT” por Jordi Laparra da Editora Prames (www.prames.com). A orientação no caminho foi feita usando um GPS Garmin Etrex VistaC em que levámos os tracks carregados na memória de mapas do GPS. Conseguimos assim carregar todos os tracks antes da partida e evitar levar mais electrónica. A primeira metade do percurso foi feita com dois conjuntos de baterias recarregáveis que iam de casa, o resto com baterias descartáveis. Os tracks que usámos foram retirados do site http://siemprebtt.awardspace.com/index.php e transformados em mapa com o utilitário GPSmapper (http://cgpsmapper.com/).